Rev. Paulo Cesar Lima, ThD.
Coloquei-te com um querubim protendido para habitaste no monte santo divino, circulavas entre as pedras coruscantes” (v.14)[1].
“... nos teus múltiplos negócios; [a iniqüidade encheste as tuas arcas com violências e pecaste]. Expulsei-te do monte divino, e o querubim protetor te tirou do meio das pedras coruscantes” (v.16).
NVBB (Nova Versão Brasileira da Bíblia): «Com um querubim protetor eu te havia colocado» (v. 14).
BLH (Bíblia na Linguagem de Hoje): «Eu fiz de você um anjo protetor, com as asas abertas» (v. 14).
ARA (Almeida Revista Atualizada): «Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci» (v. 14).
ARC (Almeida Revista Corrigida): «Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci» (v. 14).
JERUSALÉM: «Fiz de ti o querubim protetor de asas abertas» (v. 14).
MATOS SOARES: «Coloquei-te com um querubim protendido» (posto em riste – posição erguida – v. 14).
SEPTUAGINTA:
Wast with the cherub «com o querube... te estabeleci» (v. 14).
Antes de dizer qualquer coisa sobre o tema em tela, quero ressaltar que a existência de satanás (gr. diabo), na Bíblia, é fato incontestável. Não cremos em satanás, mas acreditamos que a sua existência tentadora é real; ele é o arquiinimigo do ser humano.
O meu objetivo com este estudo é o de desfazer alguns equívocos bíblicos que até hoje vêm prevalecendo no meio cristão. Dentre esses, eu destaco:
. A idéia de Lúcifer
. O querubim “ungido”
. O “maestro do coral celestial”
. O jardim do Éden etc.
O que todo mundo começa a dizer repetidas vezes e de forma acrítica, conquanto sem fundamento, vira “senso comum”.[2]
O famigerado conceito da “Dupla Referência” ou do “Sensus Plenior” em Ezequiel é desmanchado a partir de uma acurada pesquisa histórica sobre o texto em tela. Não há, em nenhuma hipótese, alusão à fatídica figura de Shatãn como a patrística defendera. O texto refere-se ao príncipe de Tiro e a mais ninguém.
A IDÉIA DE LÚCIFER
A maioria dos intérpretes concorda que o termo “Lúcifer” deriva-se da astrologia babilônica. A “estrela da manhã” era uma das designações do rei da Babilônia; e, por detrás disso, havia o uso astrológico e a idéia comum, corrente entre os povos antigos, de que os reis da Babilônia eram instrumentos dos deuses, como seus representantes entre os homens. O rei da Babilônia, em sua pompa, colocava-se entre as divindades. Os babilônios e os assírios personificavam a estrela da manhã chamando-a de Belite e de Istar.
Uma antiga tradução latina, a Vulgata de Jerônimo, traduziu “estrela da manhã” por “Lúcifer”, que veio a se tornar um nome próprio que depois, também, foi aplicado ao diabo, grande inimigo da humanidade e do povo de Deus. No entanto, as expressões Helal (de onde foi tirado o nome Lúcifer) e Shahar são nomes de divindades pagãs.
Segundo Champlin, os antigos não sabiam que os planetas não são estrelas, e nem pensavam nesses planetas como entidades semelhantes ao globo terrestre. Antes, imaginavam que entidades divinas habitariam em tais lugares, ou que esses corpos celestes fossem as próprias divindades. Não faziam qualquer idéia sobre as dimensões dos corpos celestes.
Na mitologia dos cananeus, essa estrela, que, na verdade, é o planeta Vênus, era considerada um deus (um dos muitos que se reuniam num monte muito alto, que ficava no Norte, v. 13) que queria a posição de chefe dos deuses, mas era derrubado daquele posto. O profeta aplica ao rei da Babilônia (Ap 8.10; 9.1).
QUERUBIM UNGIDO
Pelo que o leitor leu no início desse arrazoado a expressão “querubim ungido” não se encontra nos originais (nem no hebraico e nem no grego da Septuaginta). Mais: a figura que o profeta pega para falar do orgulho, da vaidade, do pecado do príncipe de Tiro é a história de Adão e Eva, mas entremeada de mitos, lendas da cultura babilônica e fenícia.
Observe o texto: “Expulsei-te do monte divino, e o querubim protetor te tirou do meio das pedras coruscantes” (v.16). É uma alusão à expulsão de Adão do paraíso terrestre (Gn 3.23).
Um querubim semelhante aos que guardavam o paraíso terrestre (Gn 3.24). Também nas pedras coruscantes parece haver uma alusão à espada flamejante mencionada no Gênesis como arma dos querubins; mas pode ser também uma referência ao brilho das pedras preciosas (v. 13). É toda uma visão de fantasia.
15-16 – Caminho no sentido de existência ou curso da vida, irrepreensível, isento de todos os males. No início o príncipe, ou melhor, a cidade de Tiro que ele personifica diante do profeta, manteve uma conduta sábia, que com a bênção de Deus atraíra a sua admirável prosperidade. Segue-se, porém, um período de decadência moral e civil, de que resultou a ruína.
MAESTRO DE CORAL
Isso se trata de uma invenção quixotesca que beira o hilário. Nunca houve maestro de coral nenhum no céu; satanás nunca foi maestro de coral, e nunca será. A única música que ele vai reger é o réquiem do seu juízo no inferno.
O JARDIM DO ÉDEN
Sua auto-exaltação ao estado de divindade é típica do orgulho humano. A posição inexpugnável da cidade, sobre uma rocha, relembra-o sobre o monte místico de Deus; assim como Deus reina supremamente ali, tão seguramente sentia-se o rei ali, entronizado no meio dos mares.
Vv. 11-19. Nestes versículos Ezequiel parece haver adotado para a sua elegia uma história popular, presumivelmente corrente em Tiro e noutros lugares sobre um ser primitivo que habita no Jardim de Deus em esplendor e pureza, mas que subseqüentemente foi expulso dali por causa do pecado de orgulho; assim também o rei de Tiro haveria de cair dentro em breve de sua glória. Parece que a história era uma versão altamente mitológica da história do terceiro capítulo de Gênesis. Mas o profeta não hesitou em usá-la visto que era bem conhecida e se prestava admiravelmente para seu propósito.
Portanto, o texto faz alusão à queda de Adão e não a de Satanás.
V. 13 – Os deuses babilônios comumente eram ornamentados de jóias. Por isso as expressões “pedras afogueadas” etc.
28.1-20 – Duas outras profecias contra o príncipe de Tiro. Desenvolvem o mesmo conceito fundamental, e esta duplicidade no desenvolvimento de um tema único é freqüente no livro de Ezequiel. Na primeira profecia o ritmo poético é observado bastante bem. Está dividida em duas partes, que constam de oito versos cada uma, separados pela frase: “por isso assim fala o Senhor Yahweh” (v. 6).
Na segunda profecia, designada expressamente como elegia[3], é mais difícil, dado o estado atual do texto, discernir nitidamente a divisão dos versos.
O Príncipe de Tiro era, naquele tempo, segundo José Flávio, Itobaal m; mas, na mente do profeta, nele está representado todo o orgulho da cidade. Os reis e príncipes asiáticos arrogavam-se com freqüência dignidade e prerrogativas divinas. Ezequiel reprocha ao príncipe de Tiro e à cidade a soberba de pretenderem igualar-se a Deus. A imaginação popular colocava a morada da divindade sobre um monte inacessível no meio do mar. Era um modo de exprimir a transcendência divina. De maneira semelhante, o príncipe de Tiro tinha seu trono seguro contra qualquer ataque, no coração dos mares.
Com fina ironia punge-lhe a bazófia de uma “mente divina” (v. 2).
Incapazes de apreciar a elegância e a beleza das formas, os invasores destruirão e como que profanarão as obras-primas da arte fenícia – a beleza da tua arte, literalmente “da tua sabedoria”, mas para os hebreus também a arte é sabedoria (Êx 31.6; 36.1).
Os fenícios, e também vários outros povos, praticavam a circuncisão (Heródoto, Histórias, II, 104), e como acontecia entre os hebreus, talvez também entre eles ser incircunciso constituía uma ignomínia que se perpetuava na vida ultraterrena (Ez 32.24). Ezequiel não afirma ter sido incircunciso o príncipe de Tito, mas sim que ele, que se estima um deus, ao morrer seria tratado como desconsagrado e incircunciso.
Se Tiro exaltara no seu pensamento até colocar-se entre os deuses, o seu príncipe fora posto no Éden. O penedo marítimo sobre o qual se erguia o seu palácio era como o jardim de Deus, o monte sagrado sobre o qual o deus Melcart edificara a sua morada. Mas o orgulho da sua formosura e grandeza e as suas prevaricações acabariam por perdê-lo.
De Torneamento Perfeito – Formas esteticamente perfeitas; tradução aproxima- tiva de texto obscuro e pelo menos duvidoso.
Pedras Preciosas – Enumeram-se (num acréscimo posterior e em prosa) nove distintas em três ordens de três cada uma. O peitoral do sumo sacerdote (Ex 28.17-20) continha doze em quatro fileiras de três cada uma; e doze traz a tradução grega dos Lxx na presente passagem. O que se segue a este versículo suscita graves dificuldades. O texto acha-se parcialmente deteriorado e sua tradução é dada com reservas na falta de melhor.
No Dia em Que Foste Criado – Pode aludir o dia em que foi elevado a dignidade régia, em que foi eleito rei (v. 15).
Sidon – A mais antiga das cidades Fenícias (Gn 10.15). Na Bíblia (Dt 3.9; 1 Rs 16.31), como também em Homero e nos monumentos assírios, os fenícios são chamados sidônios. No tempo de Ezequiel a hegemonia era detida por Tiro, mas Sidon conservava igualmente certa independência e merecia por isso menção particular. A sorte predita para ela é bem menos terrível do que a vaticinada para a sua poderosa vizinha. Efetivamente, refazendo-se das feridas recebidas, Sidon atraiu a si grande parte do comércio de Tiro e continua ainda hoje bastante florescente.
22 – Deus “será glorificado” no meio de Sidon pela severidade de sua justiça triunfante. Conceito semelhante é expresso na frase “e nela me santificar”; com a punição de Sidon o Senhor mostrar-se-á na sua santidade aos olhos das nações.
_____________________________________________________________________________
Mito – Narrativa dos tempos fabulosos ou heróicos; narrativa na qual aparecem seres e acontecimentos imaginários, que simbolizam forças da natureza, aspectos da vida humana, etc.; representação de fatos ou personagens reais, exagerada pela imaginação popular, pela tradição, etc.; pessoa ou fato assim representado ou concebido. Antrop. Narrativa de significação simbólica, transmitida de geração em geração e considerada verdadeira ou autêntica dentro de um grupo, tendo geralmente a forma de um relato sobre a origem de determinado fenômeno, instituição, etc., e pelo qual se formula uma explicação da ordem natural e social e de aspectos da condição humana. Filos. Forma de pensamento oposta à do pensamento lógico e científico. 1 Coruscantes - Que corusca; fulgurante, reluzente, cintilante.
2 Elegia - Poema lírico, cujo tom é quase sempre terno e triste. Epicédio – Composição poética, ou sinfônica, ou discurso, em memória de alguém. Nênia – Canto fúnebre; canção plangente, melancólica.
3 Senso Comum – Conjunto de opiniões e modos de sentir que, por serem impostos pela tradição aos indivíduos de uma determinada época, local ou grupo social, são geralmente aceitos de modo acrítico como verdades e comportamentos próprios da natureza humana.
4 Protendido – Estendido para diante; posto em riste.
Coloquei-te com um querubim protendido para habitaste no monte santo divino, circulavas entre as pedras coruscantes” (v.14)[1].
“... nos teus múltiplos negócios; [a iniqüidade encheste as tuas arcas com violências e pecaste]. Expulsei-te do monte divino, e o querubim protetor te tirou do meio das pedras coruscantes” (v.16).
NVBB (Nova Versão Brasileira da Bíblia): «Com um querubim protetor eu te havia colocado» (v. 14).
BLH (Bíblia na Linguagem de Hoje): «Eu fiz de você um anjo protetor, com as asas abertas» (v. 14).
ARA (Almeida Revista Atualizada): «Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci» (v. 14).
ARC (Almeida Revista Corrigida): «Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci» (v. 14).
JERUSALÉM: «Fiz de ti o querubim protetor de asas abertas» (v. 14).
MATOS SOARES: «Coloquei-te com um querubim protendido» (posto em riste – posição erguida – v. 14).
SEPTUAGINTA:
Wast with the cherub «com o querube... te estabeleci» (v. 14).
Antes de dizer qualquer coisa sobre o tema em tela, quero ressaltar que a existência de satanás (gr. diabo), na Bíblia, é fato incontestável. Não cremos em satanás, mas acreditamos que a sua existência tentadora é real; ele é o arquiinimigo do ser humano.
O meu objetivo com este estudo é o de desfazer alguns equívocos bíblicos que até hoje vêm prevalecendo no meio cristão. Dentre esses, eu destaco:
. A idéia de Lúcifer
. O querubim “ungido”
. O “maestro do coral celestial”
. O jardim do Éden etc.
O que todo mundo começa a dizer repetidas vezes e de forma acrítica, conquanto sem fundamento, vira “senso comum”.[2]
O famigerado conceito da “Dupla Referência” ou do “Sensus Plenior” em Ezequiel é desmanchado a partir de uma acurada pesquisa histórica sobre o texto em tela. Não há, em nenhuma hipótese, alusão à fatídica figura de Shatãn como a patrística defendera. O texto refere-se ao príncipe de Tiro e a mais ninguém.
A IDÉIA DE LÚCIFER
A maioria dos intérpretes concorda que o termo “Lúcifer” deriva-se da astrologia babilônica. A “estrela da manhã” era uma das designações do rei da Babilônia; e, por detrás disso, havia o uso astrológico e a idéia comum, corrente entre os povos antigos, de que os reis da Babilônia eram instrumentos dos deuses, como seus representantes entre os homens. O rei da Babilônia, em sua pompa, colocava-se entre as divindades. Os babilônios e os assírios personificavam a estrela da manhã chamando-a de Belite e de Istar.
Uma antiga tradução latina, a Vulgata de Jerônimo, traduziu “estrela da manhã” por “Lúcifer”, que veio a se tornar um nome próprio que depois, também, foi aplicado ao diabo, grande inimigo da humanidade e do povo de Deus. No entanto, as expressões Helal (de onde foi tirado o nome Lúcifer) e Shahar são nomes de divindades pagãs.
Segundo Champlin, os antigos não sabiam que os planetas não são estrelas, e nem pensavam nesses planetas como entidades semelhantes ao globo terrestre. Antes, imaginavam que entidades divinas habitariam em tais lugares, ou que esses corpos celestes fossem as próprias divindades. Não faziam qualquer idéia sobre as dimensões dos corpos celestes.
Na mitologia dos cananeus, essa estrela, que, na verdade, é o planeta Vênus, era considerada um deus (um dos muitos que se reuniam num monte muito alto, que ficava no Norte, v. 13) que queria a posição de chefe dos deuses, mas era derrubado daquele posto. O profeta aplica ao rei da Babilônia (Ap 8.10; 9.1).
QUERUBIM UNGIDO
Pelo que o leitor leu no início desse arrazoado a expressão “querubim ungido” não se encontra nos originais (nem no hebraico e nem no grego da Septuaginta). Mais: a figura que o profeta pega para falar do orgulho, da vaidade, do pecado do príncipe de Tiro é a história de Adão e Eva, mas entremeada de mitos, lendas da cultura babilônica e fenícia.
Observe o texto: “Expulsei-te do monte divino, e o querubim protetor te tirou do meio das pedras coruscantes” (v.16). É uma alusão à expulsão de Adão do paraíso terrestre (Gn 3.23).
Um querubim semelhante aos que guardavam o paraíso terrestre (Gn 3.24). Também nas pedras coruscantes parece haver uma alusão à espada flamejante mencionada no Gênesis como arma dos querubins; mas pode ser também uma referência ao brilho das pedras preciosas (v. 13). É toda uma visão de fantasia.
15-16 – Caminho no sentido de existência ou curso da vida, irrepreensível, isento de todos os males. No início o príncipe, ou melhor, a cidade de Tiro que ele personifica diante do profeta, manteve uma conduta sábia, que com a bênção de Deus atraíra a sua admirável prosperidade. Segue-se, porém, um período de decadência moral e civil, de que resultou a ruína.
MAESTRO DE CORAL
Isso se trata de uma invenção quixotesca que beira o hilário. Nunca houve maestro de coral nenhum no céu; satanás nunca foi maestro de coral, e nunca será. A única música que ele vai reger é o réquiem do seu juízo no inferno.
O JARDIM DO ÉDEN
Sua auto-exaltação ao estado de divindade é típica do orgulho humano. A posição inexpugnável da cidade, sobre uma rocha, relembra-o sobre o monte místico de Deus; assim como Deus reina supremamente ali, tão seguramente sentia-se o rei ali, entronizado no meio dos mares.
Vv. 11-19. Nestes versículos Ezequiel parece haver adotado para a sua elegia uma história popular, presumivelmente corrente em Tiro e noutros lugares sobre um ser primitivo que habita no Jardim de Deus em esplendor e pureza, mas que subseqüentemente foi expulso dali por causa do pecado de orgulho; assim também o rei de Tiro haveria de cair dentro em breve de sua glória. Parece que a história era uma versão altamente mitológica da história do terceiro capítulo de Gênesis. Mas o profeta não hesitou em usá-la visto que era bem conhecida e se prestava admiravelmente para seu propósito.
Portanto, o texto faz alusão à queda de Adão e não a de Satanás.
V. 13 – Os deuses babilônios comumente eram ornamentados de jóias. Por isso as expressões “pedras afogueadas” etc.
28.1-20 – Duas outras profecias contra o príncipe de Tiro. Desenvolvem o mesmo conceito fundamental, e esta duplicidade no desenvolvimento de um tema único é freqüente no livro de Ezequiel. Na primeira profecia o ritmo poético é observado bastante bem. Está dividida em duas partes, que constam de oito versos cada uma, separados pela frase: “por isso assim fala o Senhor Yahweh” (v. 6).
Na segunda profecia, designada expressamente como elegia[3], é mais difícil, dado o estado atual do texto, discernir nitidamente a divisão dos versos.
O Príncipe de Tiro era, naquele tempo, segundo José Flávio, Itobaal m; mas, na mente do profeta, nele está representado todo o orgulho da cidade. Os reis e príncipes asiáticos arrogavam-se com freqüência dignidade e prerrogativas divinas. Ezequiel reprocha ao príncipe de Tiro e à cidade a soberba de pretenderem igualar-se a Deus. A imaginação popular colocava a morada da divindade sobre um monte inacessível no meio do mar. Era um modo de exprimir a transcendência divina. De maneira semelhante, o príncipe de Tiro tinha seu trono seguro contra qualquer ataque, no coração dos mares.
Com fina ironia punge-lhe a bazófia de uma “mente divina” (v. 2).
Incapazes de apreciar a elegância e a beleza das formas, os invasores destruirão e como que profanarão as obras-primas da arte fenícia – a beleza da tua arte, literalmente “da tua sabedoria”, mas para os hebreus também a arte é sabedoria (Êx 31.6; 36.1).
Os fenícios, e também vários outros povos, praticavam a circuncisão (Heródoto, Histórias, II, 104), e como acontecia entre os hebreus, talvez também entre eles ser incircunciso constituía uma ignomínia que se perpetuava na vida ultraterrena (Ez 32.24). Ezequiel não afirma ter sido incircunciso o príncipe de Tito, mas sim que ele, que se estima um deus, ao morrer seria tratado como desconsagrado e incircunciso.
Se Tiro exaltara no seu pensamento até colocar-se entre os deuses, o seu príncipe fora posto no Éden. O penedo marítimo sobre o qual se erguia o seu palácio era como o jardim de Deus, o monte sagrado sobre o qual o deus Melcart edificara a sua morada. Mas o orgulho da sua formosura e grandeza e as suas prevaricações acabariam por perdê-lo.
De Torneamento Perfeito – Formas esteticamente perfeitas; tradução aproxima- tiva de texto obscuro e pelo menos duvidoso.
Pedras Preciosas – Enumeram-se (num acréscimo posterior e em prosa) nove distintas em três ordens de três cada uma. O peitoral do sumo sacerdote (Ex 28.17-20) continha doze em quatro fileiras de três cada uma; e doze traz a tradução grega dos Lxx na presente passagem. O que se segue a este versículo suscita graves dificuldades. O texto acha-se parcialmente deteriorado e sua tradução é dada com reservas na falta de melhor.
No Dia em Que Foste Criado – Pode aludir o dia em que foi elevado a dignidade régia, em que foi eleito rei (v. 15).
Sidon – A mais antiga das cidades Fenícias (Gn 10.15). Na Bíblia (Dt 3.9; 1 Rs 16.31), como também em Homero e nos monumentos assírios, os fenícios são chamados sidônios. No tempo de Ezequiel a hegemonia era detida por Tiro, mas Sidon conservava igualmente certa independência e merecia por isso menção particular. A sorte predita para ela é bem menos terrível do que a vaticinada para a sua poderosa vizinha. Efetivamente, refazendo-se das feridas recebidas, Sidon atraiu a si grande parte do comércio de Tiro e continua ainda hoje bastante florescente.
22 – Deus “será glorificado” no meio de Sidon pela severidade de sua justiça triunfante. Conceito semelhante é expresso na frase “e nela me santificar”; com a punição de Sidon o Senhor mostrar-se-á na sua santidade aos olhos das nações.
_____________________________________________________________________________
Mito – Narrativa dos tempos fabulosos ou heróicos; narrativa na qual aparecem seres e acontecimentos imaginários, que simbolizam forças da natureza, aspectos da vida humana, etc.; representação de fatos ou personagens reais, exagerada pela imaginação popular, pela tradição, etc.; pessoa ou fato assim representado ou concebido. Antrop. Narrativa de significação simbólica, transmitida de geração em geração e considerada verdadeira ou autêntica dentro de um grupo, tendo geralmente a forma de um relato sobre a origem de determinado fenômeno, instituição, etc., e pelo qual se formula uma explicação da ordem natural e social e de aspectos da condição humana. Filos. Forma de pensamento oposta à do pensamento lógico e científico. 1 Coruscantes - Que corusca; fulgurante, reluzente, cintilante.
2 Elegia - Poema lírico, cujo tom é quase sempre terno e triste. Epicédio – Composição poética, ou sinfônica, ou discurso, em memória de alguém. Nênia – Canto fúnebre; canção plangente, melancólica.
3 Senso Comum – Conjunto de opiniões e modos de sentir que, por serem impostos pela tradição aos indivíduos de uma determinada época, local ou grupo social, são geralmente aceitos de modo acrítico como verdades e comportamentos próprios da natureza humana.
4 Protendido – Estendido para diante; posto em riste.
6 comentários:
O pai, chamou o filho mais novo para dar um passeio no bosque. No caminho, decidiram parar um pouco.
Depois de alguns minutos de silêncio, o pai perguntou:
- Filho, além de ouvir os pássaros cantando, você consegue ouvir mais alguma coisa?
O menino ficou quieto, mas depois respondeu:
- Estou ouvindo um barulho de carroça.
O pai, então, confirmou:
- Isso mesmo, de uma carroça vazia.
O menino, curioso, perguntou ao pai:
- Mas, pai, como pode saber se a carroça está vazia, se ainda não a viu?
E o pai, sabiamente, disse:
- Ora, ora, é muito fácil saber se uma carroça está vazia. Basta ouvir o barulho dela. Quanto mais vazia, maior é o barulho que ela faz.
LIÇÃO DE VIDA:
Na vida também é assim.
Tem gente que faz muito barulho, mas em nada contribui.
Mas, tem muita gente ainda que faz pouco barulho, e está sempre disposta a ajudar, a estender a mão, colaborar, a fazer com que outras pessoas
vivam melhor!
Ailton Santos
EU TAMBEM NUNCA VI O REI DE TIRO COMO O DIABO, SEMPRE QUESTIONEI ESSA IDEIA, MAS AGORA FICOU MAIS CLARO, OBRIGADO REVERENDO.
Porque o tempo foi usado em primeira pessoa ?
Tu eras um querubim Ungido ? Quem Tiro ?
Quem Deus estabeleceu no Monte Santo ?Tiro ?
Estiveste no Jardim do Éden e se cobria de todo pedra preciosa ? Tiro esteve no Jardim do Éden ( Reencarnação é espiritismo ?
Quem era perfeito no caminho desdo que foi Criado ? Tiro ?
Etc ... são perguntas que precisam serem feita ... que é impossível esta falando de um Homem Carnal, a revelação é mais profunda do que se aparenta.
Creio que esse texto usado em primeira pessoa não era par Tiro, e sim para um ser angelical pelas descrição,
O texto é coerente mas fica a pergunta: Qual a origem de satanás? O Messias disse: "Eu via Satanás, como raio, cair do céu".
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